Onde e quando?
Há menos de uma semana ouvi falar em um escritor que eu mal sabia a nacionalidade. Descobri que era brasileiro e do início do século passado.
Encontrei o site, vasculhei vários poemas e, definitivamente, esse poeta já entrou para o seleto grupo dos Favoritos do meu computador. Tem uma pasta exclusiva com o nome dele: JG de Araújo Jorge.
Por enquanto, avança a fita...
Os finais de semana estão cada dia mais concorridos. E olha que minha agenda, por enquanto, ainda é o meu cérebro e alguns papéis que coordenam para onde ir e o que devo fazer. O dia que resolver passar um vendaval e levar os tais bilhetes, muita coisa vai mudar. Para começar vou dar mais importância às agendas que eu ganho e raramente uso.
Admiro muito quem tem e sabe usar. Eu posso até anotar os tópicos mais urgentes do meu dia, mas quem irá me lembrar de ler o que está na agenda para eu recordar que tem algo muito importante para fazer??
Bacana é mudar de assunto sem dar explicação...
Eu acho um barato ter nascido entre 19 de fevereiro e 20 de março (leia-se: sob o signo de peixes). Sempre brinco dizendo que nós vivemos no mundo da lua, mas com conexão banda-mega-larga de internet, para saber exatamente o que acontece ao nosso redor.
Não vivemos alheios ao mundo, apenas aparentamos calma - e estamos necessariamente assim - enquanto 'a casa está caindo'.
Eu diria que essa chamada 'conexão de internet" seria a nossa aguçada intuição. Aquela que nos faz perceber o que está por trás das coisas.
Mas nem pense que pisciano é meio molóide e que pode-se fazer com ele o que bem entender.
Na na ni na!
Não azucrine com atitudes injustas, mesquinhas ou tampouco seja inconveniente com um pisciano, pois paciência tem limite.
Se tudo estiver O.K. nas CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão) não há problema algum. O mundo pode desabar, que a calma permanece.
Na verdade essa calma é aquela história de viver no mundo da lua... blá blá blá...
Bom, mas eu não vim aqui para beber, vim para conversar.
Orgulho
- JG de Araújo Jorge -
Quando todos começarmos do chão como as sementes
como as árvores fortes, como as árvores úteis,
e não houver parasitas dos ramos alheios;
quando a terra pertencer aos homens, como aos rios
que a fecundam sem ver cercados nem fronteiras;
e tudo o que existir e o que for encontrado,
a água pura, o petróleo, o ouro, o fruto agreste,
não tiver donos também, como as auroras e os crepúsculos,
como as estrelas e a noite, como as nuvens e o sol;
quando houver sempre um teto sobre todas as cabeças
resguardando-as das chuvas, protegendo-as dos ventos,
como há sempre sobre nós o côncavo dos céus:
quando todos tiverem jardins, flores e pássaros,
ou crianças barulhentas, sadias e tagarelas,
e tiverem a horas certas, na mesa branca, o pão,
e a horas incertas, no leito, o remédio necessário;
quando o trabalho for leve alegre como a música
nas horas de prazer e despreocupação,
e em verdade, for a alegria e a música da vida;
quando a boca que se abre pela primeira vez
tiver um seio farto e o cuidado da ciência;
e a infância, liberdade, brinquedos e recreios,
e a juventude, livros, planos e companheiras,
e os homens todos, os mesmos meios de conquista,
e já não existir medo do mundo nem da vida
porque a vida e o mundo estarão ao nosso alcance;
quando a velhice não tiver mais receio do tempo
porque o tempo a levará em segurança ao fim;
quando já não houver trabalhos dignos e indignos
porque todas as parcelas estarão na mesma soma,
e o sábio e o operário, o artista e o camponês,
seguirem, paralelamente, os seus caminhos,
sem nunca se encontrar, mas sem humilhações;
quando as gramáticas e as raças não separarem os homens
porque todos se entenderão sem raças nem gramáticas,
e verão que mais além das cores e dos idiomas está o Homem,
- e só por isso, somos iguais e irmãos;
quando nossos filhos crescerem sem a angústia do futuro
e nós vivermos em paz sem as incertezas do presente,
e já não restar vestígios do ódio perdido no passado;
quando todos os templos erguerem sobre a terra
suas torres minaretes, cruzes ou abóbadas,
e sobre eles mais alto o céu se desdobrar
para que todos os olhos se encontrem e se compreendam;
quando todos começarmos do chão como as sementes
embora os galhos se elevem às mais várias altura
se façam sobre o solo as sombras mais diversas;
e todos forem donos de seus próprios pés
e todos forem donos de suas próprias mãos,
e do seu pensamento, e do seu coração;
quando enfim, nos tornarmos Senhores de nós mesmos,
e não houver falsas leis servindo aos poderosos
e a justiça socorrer, na rua, aos homens todos;
quando chegar o momento em que a força será inútil
porque todos seremos fortes e nada nos vencerá,
e não houver grades nos olhos, e não houver ferros nos pulsos,
nem morais absurdas que nos deformem e domem:
- então, sim, bendirei o instante em que nasci
e sentirei o orgulho imenso de ser homem!
(Antologia da Nova Poesia Brasileira J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. - 1948)
Simples assim.
Encontrei o site, vasculhei vários poemas e, definitivamente, esse poeta já entrou para o seleto grupo dos Favoritos do meu computador. Tem uma pasta exclusiva com o nome dele: JG de Araújo Jorge.
Por enquanto, avança a fita...
Os finais de semana estão cada dia mais concorridos. E olha que minha agenda, por enquanto, ainda é o meu cérebro e alguns papéis que coordenam para onde ir e o que devo fazer. O dia que resolver passar um vendaval e levar os tais bilhetes, muita coisa vai mudar. Para começar vou dar mais importância às agendas que eu ganho e raramente uso.
Admiro muito quem tem e sabe usar. Eu posso até anotar os tópicos mais urgentes do meu dia, mas quem irá me lembrar de ler o que está na agenda para eu recordar que tem algo muito importante para fazer??
Bacana é mudar de assunto sem dar explicação...
Eu acho um barato ter nascido entre 19 de fevereiro e 20 de março (leia-se: sob o signo de peixes). Sempre brinco dizendo que nós vivemos no mundo da lua, mas com conexão banda-mega-larga de internet, para saber exatamente o que acontece ao nosso redor.
Não vivemos alheios ao mundo, apenas aparentamos calma - e estamos necessariamente assim - enquanto 'a casa está caindo'.
Eu diria que essa chamada 'conexão de internet" seria a nossa aguçada intuição. Aquela que nos faz perceber o que está por trás das coisas.
Mas nem pense que pisciano é meio molóide e que pode-se fazer com ele o que bem entender.
Na na ni na!
Não azucrine com atitudes injustas, mesquinhas ou tampouco seja inconveniente com um pisciano, pois paciência tem limite.
Se tudo estiver O.K. nas CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão) não há problema algum. O mundo pode desabar, que a calma permanece.
Na verdade essa calma é aquela história de viver no mundo da lua... blá blá blá...
Bom, mas eu não vim aqui para beber, vim para conversar.
Orgulho
- JG de Araújo Jorge -
Quando todos começarmos do chão como as sementes
como as árvores fortes, como as árvores úteis,
e não houver parasitas dos ramos alheios;
quando a terra pertencer aos homens, como aos rios
que a fecundam sem ver cercados nem fronteiras;
e tudo o que existir e o que for encontrado,
a água pura, o petróleo, o ouro, o fruto agreste,
não tiver donos também, como as auroras e os crepúsculos,
como as estrelas e a noite, como as nuvens e o sol;
quando houver sempre um teto sobre todas as cabeças
resguardando-as das chuvas, protegendo-as dos ventos,
como há sempre sobre nós o côncavo dos céus:
quando todos tiverem jardins, flores e pássaros,
ou crianças barulhentas, sadias e tagarelas,
e tiverem a horas certas, na mesa branca, o pão,
e a horas incertas, no leito, o remédio necessário;
quando o trabalho for leve alegre como a música
nas horas de prazer e despreocupação,
e em verdade, for a alegria e a música da vida;
quando a boca que se abre pela primeira vez
tiver um seio farto e o cuidado da ciência;
e a infância, liberdade, brinquedos e recreios,
e a juventude, livros, planos e companheiras,
e os homens todos, os mesmos meios de conquista,
e já não existir medo do mundo nem da vida
porque a vida e o mundo estarão ao nosso alcance;
quando a velhice não tiver mais receio do tempo
porque o tempo a levará em segurança ao fim;
quando já não houver trabalhos dignos e indignos
porque todas as parcelas estarão na mesma soma,
e o sábio e o operário, o artista e o camponês,
seguirem, paralelamente, os seus caminhos,
sem nunca se encontrar, mas sem humilhações;
quando as gramáticas e as raças não separarem os homens
porque todos se entenderão sem raças nem gramáticas,
e verão que mais além das cores e dos idiomas está o Homem,
- e só por isso, somos iguais e irmãos;
quando nossos filhos crescerem sem a angústia do futuro
e nós vivermos em paz sem as incertezas do presente,
e já não restar vestígios do ódio perdido no passado;
quando todos os templos erguerem sobre a terra
suas torres minaretes, cruzes ou abóbadas,
e sobre eles mais alto o céu se desdobrar
para que todos os olhos se encontrem e se compreendam;
quando todos começarmos do chão como as sementes
embora os galhos se elevem às mais várias altura
se façam sobre o solo as sombras mais diversas;
e todos forem donos de seus próprios pés
e todos forem donos de suas próprias mãos,
e do seu pensamento, e do seu coração;
quando enfim, nos tornarmos Senhores de nós mesmos,
e não houver falsas leis servindo aos poderosos
e a justiça socorrer, na rua, aos homens todos;
quando chegar o momento em que a força será inútil
porque todos seremos fortes e nada nos vencerá,
e não houver grades nos olhos, e não houver ferros nos pulsos,
nem morais absurdas que nos deformem e domem:
- então, sim, bendirei o instante em que nasci
e sentirei o orgulho imenso de ser homem!
(Antologia da Nova Poesia Brasileira J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. - 1948)
Simples assim.
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