25 de setembro de 2006

A gramática da Vida

Amar é um verbo.
O significado de Verbo no dicionário é:

1. Palavra variável que exprime ação, estado, qualidade ou existência.

Dessa forma, posso concluir que amar, por ser verbo, é composto de ação e só.
Amar é querer bem. E esse querer bem é simples, sem condições e norteado por atitudes desprendidas.

O amor que você sente é tão grande e natural que sai de forma incondicional.
O amor que você sente é tão puro e sincero que você age de forma livre e desinteressada.

Esse amor vai muito além do convívio e do contato físico. Ele permanece mesmo quando tudo parece mais distante e intocável. Independente da natureza da relação, amar está acima de todas as coisas e não se baseia em conceito, crença, tipo ou afinidade. Amamos nossos familiares. Amamos nossos amigos. E somos capazes de declarar amor até por quem não faz parte do nosso
convívio.


Nomear o que sentimos é fácil. Mas em determinadas situações, transformar esse sentimento em ação é um pouco mais complicado. Não que amar seja difícil, mas doar-se em uma relação não é tão simples como num conto de fadas.

Ser capaz de amar alguém com todos os defeitos e imperfeições é o ato mais nobre e o mais sublime. Gostar de alguém, mesmo sabendo que vocês são como água e óleo não é, nem de longe, fácil como escrever. Compreender que o outro é completamente diferente de você e tem qualidades que você não tem, é o primeiro passo para esse caminho.

Eu acredito firmemente que duas coisas facilitam todo esse processo. Aliás, resumo em duas palavras: empatia e respeito.

Em primeiro lugar, respeitar a individualidade do outro não é menos importante que alguém respeitar a sua individualidade. E somente através dessa atitude é possível mostrar que a enorme diferença entre vocês se estreita quando existe consideração e reverência de ambas as partes.

Perceber que um amigo precisa da sua paciência quando ele passa por um momento de dificuldade é tão importante quanto querer que alguém desculpe sua atitude grosseira, simplesmente porque você não teve um bom dia.

Quando se trata das nossas inquietudes, querer consideração é quase que uma exigência. Aceitar que o outro também tem problemas, e que com alguns desses problemas ele não sabe lidar, é um terreno às vezes tão desconhecido quanto inadmissível.

Por que pensamos e julgamos ser melhor que os outros?
Por que a nossa dor tem sempre que ser mais insuportável que a do outro? Nem sempre o que é tolerável para mim é também para quem está próximo. Sempre sabemos lidar perfeitamente com os problemas alheios. Aquela história de quem está de fora enxerga melhor é plausível. Mas a percepção da dor se coloca no mesmo patamar?

Nesse ponto eu chamo para a conversa a tal da "Empatia".
Por questões óbvias não vivo sem meu dicionário.

Empatia:
1. Estado de alma.
2. Estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, supondo sentir o que ela está sentindo.
3. Capacidade psicológica para se identificar com o eu de outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por esse outro vivenciadas.

Eu poderia simplesmente parar por aqui.
As três definições da palavra empatia são de uma aula ímpar. É ler, compreender e colocar em prática. Digo isso porque não é fácil, nunca disse que era, entender o outro em toda sua complexidade de pensamentos e atitudes dissonantes.
Ter a sabedoria para colocar-se no lugar do outro é a chave do entendimento e do convívio pacífico. Quantos aborrecimentos e caras feias não são evitados quando procuramos entender o motivo que levou alguém a agir de forma imatura. Até porque imaturidade não é palavra inexistente no vocabulário de ninguém.

Quando misturamos sentimentos como amor e paixão, misturamos também os limites de cada um. A singulariadade do ser humano é tão ou mais complexa que o real significado de saber amar.
Primeiro é preciso entender que o outro não é uma propriedade nossa. Para isso, faz-se necessário descolar do verbo amar o conceito de posse.

"Amo, portanto me pertence."
Não, não pertence. O verdadeiro amor liberta, não aprisiona. O verdadeiro amor é capaz de querer bem quando a situação é a mais adversa possível: eu aqui e o outro lá, do outro lado do mundo, e feliz com outra pessoa.

Dói pensar dessa forma? Para alguns, quem sabe. Mas aí é questão de egoísmo, de querer todos os amores do mundo aprisionados dentro do coração.

Pode ser que o ciúmes também tenha sua parcela de culpa nesse quesito 'dor'. Eu sempre considerei o ciúmes como uma peça que, quando exagerada, não se enquadra de forma alguma em lugar algum. Para ser sincera, acho mesmo que ciúmes e insegurança andam de mãos dadas. Amores impossíveis e platônicos usam e abusam desse 'tônico' imperfeito e indomável. Diria até que perigoso, já que é capaz de arruinar relacionamentos e transformar amor em ódio.


O amor que se traduz em querer bem ao próximo, abrange a compreensão, o respeito, a empatia, a generosidade e o bom uso da sabedoria.

É fácil conjugar esse verbo?
Não, não é. Requer boa dose de bom senso, saber observar para saber agir, tomar conta dos próprios pensamentos, porque viajar por idéias obscuras é um verdadeiro perigo e, não menos importante, ser capaz de entender que o outro faz o melhor possível dentro do conhecimento, discernimento e maturidade que ele possui.

Acho que vou começar a reunir as minhas viagens literárias e daqui a um ano estarei na Livraria Letras & Expressões lançando meu primeiro livro:
"Tudo o que ninguém me perguntou, mas eu estava a fim de escrever".
Se o conteúdo não empolga, pelo menos o título é original.

O.K.
Vou tentar não quebrar o clima.

Então, reforçando a tese: Melhor ser feliz a ter sempre razão.
Simples assim.

2 Comments:

Blogger Leonardo Soares said...

Você só se enganou no final. O conteúdo empolga, sim. E eu estarei lá na livraria "Letras & Expressões" no dia.

Adorei! Completo.

26/09/2006, 03:57  
Anonymous Anônimo said...

Leo, deixa eu te contar um segredo: eu sou muito exigente com o que escrevo e geralmente, quando chego ao final do texto, penso duas vezes antes de publicar. Talvez por isso eu tente amenizar, fazendo essas brincadeiras. Mas é um ótimo exercício.
E
screver, mais que 'ossos do ofício' é uma verdadedeira terapia.
Beijo.

26/09/2006, 10:55  

Postar um comentário

<< Home