28 de março de 2006

Sono, laptop e pizza...

Não precisei consultar a previsão do tempo para saber que no domingo choveria. Eu tinha certeza que o clima de despedida deixaria o sol encoberto por pelo menos uns dois dias. E foi exatamente assim que aconteceu.

Tudo começou em Curitiba.
Eu não estava lá naquele momento, mas consigo perfeitamente desenhar a cena: céu nublado, chuva caindo e corações apertados.

A ficha ainda não havia caído.

Por mais que o aperto no peito fosse real, a idéia do que estava acontecendo demoraria algum tempo para ser assimilada.

Penso que em algumas ocasiões coração e cérebro andam fora de sintonia. Você sente muito antes de entender. Os olhos ficam cheios d’água, as lágrimas caem sem pedir licença e a única coisa que sei explicar é que o aperto dentro do peito é muito grande.

De repente aquela uma hora antes do vôo passa quase que em cinco minutos. Você confere o relógio, mas não enxerga os ponteiros. Aliás, na verdade você não quer enxergar que aquele momento finalmente está acontecendo. Todas as festas e todas as despedidas foram importantes e ao mesmo tempo insuficientes para congelar aquele instante.

Confere novamente o relógio, verifica a passagem, segura um pouco mais firme a bagagem de mão, empurra o carrinho, as pessoas se despedem e é hora de esperar um pouco antes de passar pelo portão de embarque.

Agora a vida passa como um filme. E só tem 3 minutos para resumir tudo de bom que aconteceu. Sentir mais uma vez todos os abraços, lembrar de todos os sorrisos, todas as gargalhadas, todos os olhares...

Inevitavelmente as coisas tristes também vêm à mente.

Ainda tem 2 minutos.

As lembranças que aquecem o coração são infinitamente mais importantes e tomam conta da memória. É verdadeiramente o protagonista desse filme.

Agora só tem 1 minuto.
Hora de embarcar.

A impressão que dá é que essa viagem é apenas uma saída de férias.
A escala no Rio de Janeiro inspira essa dúvida. Afinal, lá ainda é Brasil e a ficha ainda não caiu. Até a rima ajuda a suavizar essa cena.

Um olhar perdido em volta e percebe-se que na verdade aquela é a última despedida em Curitiba.

Depois de tanta festa, bebida e cumplicidade, a única coisa real será o mais novo álbum de fotografias. Nele estão todas as pessoas especiais que tomam conta desse coração apertado. Elas fazem parte daquele filme que foi feito em duas semanas e visto em três minutos.

Não, ele não foi visto em três minutos. É injusto pensar assim. Os amigos especiais estão nele. O filme foi resumido em três minutos.

Pronto, a palavra "resumido” combina mais com essa sensação de aperto no peito.

Esse filme é tão especial que tem até os negativos impressos. E devidamente autografados e com dedicatória.

Acho que por isso essa ficha ainda não caiu. É tudo tão real e tão palpável. Tudo aqui, ao alcance da mão.

Fiquei sabendo que tinha um CD.
É, tinha... Não ficou pronto a tempo ou do jeito certo.
Vai ficar só na lembrança mesmo. Mas a intenção também está aqui. É só chegar na última folha desse álbum que o sorriso vem fazer companhia. Essa coisa espontânea de se atrapalhar para fazer uma surpresa às vezes se torna tão especial quanto o presente.

Consegui enrolar e nem deu para perceber que o avião já levantou vôo. O jeito é esquecer o tempo e só reparar quando o Cristo Redentor me der as boas vindas.

Desembarque no Rio.

Não tem aquela festa que teve em Curitiba. Acho que o clima da viagem está ficando mais real. Talvez a ficha esteja caindo e eu comece a dar conta. Mas o sono ainda reina e tudo é perfeitamente colocado em segundo plano, até mesmo esse friozinho na barriga que quer tomar conta de mim.

Andar sem rumo pelo aeroporto é típico de quem está no piloto automático. Mas logo vejo uma pessoa conhecida. Sim, mais uma amizade que será mantida por e-mail, telefone e quem sabe uma visita lá em Boston. Ela prometeu!

O tempo finalmente passa como deve passar, segundo a segundo. Minuto a minuto. Exatamente com os pontos, para que seja real.

Dá tempo de tudo.
Começa a maratona pelos terminais.
Primeiro tem a esteira família Jetson (foi assim que me apresentaram).

E faz check-in, anda, acha graça, despacha a mala, anda mais um pouco e acha mais graça em tudo, declara o laptop, procura documento, quanto número para escrever, termina de preencher a declaração... Eu não tenho todas as informações que esse papel está pedindo. A única coisa que sei responder é que estou com fome.

Terceiro andar do aeroporto também serve para isso: comer.

E esse clima não combina com café. Café combina com despedida. E a ficha ainda não caiu, lembra?

Pizza, sim, combina com esse estado de espírito. É sem compromisso. É para comer e dar risada. Afinal, é preciso manter a informalidade dessa viagem.

Mais um presente.
Opa! Algo para me entreter durante o vôo: um livro.
Pediram para ler sem compromisso. Ah, então combina com a pizza.
(Talvez... talvez.).

E telefona, pega endereço... Onde eu estava com a cabeça, viajar sem rumo. Literalmente. Nada que a super mãe não resolva. Já sei chegar perfeitamente ao meu destino.

Ainda tem pizza e suco.

A conversa demora... Acho que o tempo está a meu favor. Nem que eu olhe esse relógio tantas vezes, não vai passar mais rápido. E nem eu quero. Ele continuará passando segundo a segundo.

Até conversa séria a gente teve. Mas a viagem é bem resolvida e eu tenho certeza do que estou fazendo.

Agora sim.
Chegou a hora de embarcar.
E parece que é para valer.

Portão B e uma pequena fila. Não tem para onde ir e o caminho é sem volta.
Um sorriso sincero, um abraço e uma frase: “vai com Deus”. Outro abraço e é exatamente isso que me separa do avião.

Eu ando sem olhar para trás. Prefiro guardar na mente o filme de 3 minutos, segurar bem firme meu álbum de fotografias e quem sabe dormir durante muitas horas. O suficiente para eu não sentir a ficha caindo. Por que as despedidas combinam tanto com dia chuvoso?

Até quem sabe daqui a 5 anos...

Acredito que o momento-frase combine com essa história:
"Melhor ser feliz a ter sempre razão".

Simples assim!

Au revoir…

24 de março de 2006

Coisas estranhas acontecem...

Gosto da vista da janela da produtora: Praia do Flamengo com Niterói ao fundo.

Bem diferente do que eu via naquele fim de mundo sem mais tamanho.
Thanks God!

Falando em paisagem...
Acho que vai chover nesse final de semana. Sim, porque sempre que há despedida, há chuva.

Mas também, se não chovesse nessa cidade depois do calorão da semana e das 'mini-tsunamis' que caíram pelo sul e São Paulo, eu ficaria levemente desconfiada.

Desconfiada que para variar estão metendo a mão na nossa água na hora de chover por aqui. Não há cristão, evangélico ou ateu que aguente a temperatura 'filial do inferno' e na hora do vamos ver não cai nem uma gota do tipo "chove mas não molha" para regar as plantinhas.

Mudando totalmente de assunto...

Por que será que alguns avisos fúnebres mais parecem uma coluna social?
Por favor, coloque esta pedra de volta no chão. Não falei por mal.

Mas é sério meu raciocínio. Senão, vejamos.. Outro dia estava lendo o obituário (sim, eu também leio essa parte) e havia um box enorme. Daqueles que não custam menos que mil reais. E o nome do falecido estava lá, na primeira linha, em negrito e tudo. Até aí morreu Neves.

O lance inusitado estava abaixo do nome do cidadão da cidade do pé junto. Havia uma lista com mais de trinta nomes, naquele momento muito deles: condolências e convite para a missa de sétimo dia. A galera era grande: parentes sanguíneos, parentes afins, amigos, colegas, credores, devedores, simpatizantes ou não... A dita lista só não estava em negrito. Se estivesse, eu logo pensaria num enterro coletivo.

Ah vai, não seria exagero algum eu pensar essas coisas estranhas.
Depois que eu vi na televisão o casamento de centenas de pessoas ao mesmo tempo, não me admiraria se uma funerária fizesse aviso coletivo de sepultamento e coisas do gênero.

Oh well..
Melhor eu parar por aqui, senão perco até os fantasmas que me lêem. Até porque imagino que meus dois singelos leitores já colocaram este blog no block do browser. Ficou meio obsceno esse final, mas eu acho que não tem criança na sala.

O.K.
Eu preciso intensificar a meditação. Vou passar de duas para (no mínimo) quatro por dia.

Então valeu. Faz o teu que eu faço o meu.

Aos que ficam um excelente final de semana.

Só para reforçar a tese:
"Melhor ser feliz a ter sempre razão".
Simples assim!

Au revoir..

Open house..

Quando comecei a escrever ontem à tarde, fiquei imaginando que a festa de inauguração seria dada para os fantasmas de plantão. E confesso que viajei no Patê de Foie Gras.
(Viajar na maionese nem pensar, mudei de nível)

By the way...
*saudade dessa expressão*

Só para controle: 'pseudo' é coisa do passado, assim como a senzala.

Sim, eu saí da produtora que só servia para pagar as minhas contas e me fazer gastar rios de dinheiro com incenso, shiatsu e acupuntura. Leia-se: eu andava estressada e eu sabia.

Ah vai, deixa eu ser boazinha...

Fiz bons amigos na antiga agência e alguns eu só conheci pessoalmente quando eu fui até Black River acertar minha saída, para o terror e desespero de 'pseudo'. Não que o fato de eu sair da agência fosse um mar de lágrimas para ela, muito pelo contrário, mas minha viagem "faço-questão-de-resolver-pessoalmente" ecoou durante um fim de semana naquela cabeça oca. Cabeça oca, por isso ecoou.

E antes de terminar esse assunto de vez, essa eu preciso revelar com detalhes.
Quando ainda trabalhávamos dentro do cliente (o tal francês que ninguém merece) fiquei conhecendo o apelido singelo que 'pseudo' recebeu da turma do RH: Don Girafon. Quem conhece a peça, sabe que não é exagero. Obviamente o apelido era mantido a sete chaves, quatro paredes e confidências de um almoço.

Chega de dar ibope. Página virada!
E tenho dito.

Agora trabalho na civilização da civilização. Mais precisamente na zona sul do Rio de Janeiro. Também é uma produtora, mas de áudio e vídeo. Empresa bem cabeção no meio publicitário.
Por favor, nomes só revelados na mesa do bar.

Adoro quando começo a escrever e do nada mudo completamente do assunto, sem avisar e ainda fazendo cara de paisagem. Em outras palavras, acompanhe-me se for capaz.

Vou quebrar os posts, senão mato os fastasmas de tédio.
(Piada de salão consegue ser mais engraçada)

See ya around...

23 de março de 2006

Procurando velas..

Como é o primeiro post, vou aos poucos colocando as coisas em seus devidos lugares.

É, estamos de casa nova, porque eu perdi a chave da velha e com ela toda linda mobília que lá estava.

Aproveitando minha onda de desapego total, vou começar do zero e usando somente as minhas mãos para 'decorar' o que tiver que ser decorado neste novo bat-canal.

Sejam bem vindos os fantasmas, porque eu ainda não tenho leitores.
E se depender da minha 'péssima' e inconfundível escrita, estarei atualizando posts para o além e só.

Para início de conversa está de bom tamanho.

Eu sempre vou ajeitando conforme o percurso. Espero não ter perdido a prática. Se for tal qual andar de bicicleta e fazer sexo... então a gente nunca esquece.
Só aprimora, no caso do sexo, claro.

A todos (os fantasmas..) um ótimo fim de tarde.

O último espectro desliga a luz, please.
(Desde o mais remoto tempo - coisa de blog antigo - eu ainda não virei sócia da Light)

E antes de terminar, momento-frase:
"Melhor ser feliz a ter sempre razão".
Simples assim!

Au Revoir...