28 de agosto de 2006

Onde e quando?

Há menos de uma semana ouvi falar em um escritor que eu mal sabia a nacionalidade. Descobri que era brasileiro e do início do século passado.

Encontrei o site, vasculhei vários poemas e, definitivamente, esse poeta já entrou para o seleto grupo dos Favoritos do meu computador. Tem uma pasta exclusiva com o nome dele: JG de Araújo Jorge.

Por enquanto, avança a fita...

Os finais de semana estão cada dia mais concorridos. E olha que minha agenda, por enquanto, ainda é o meu cérebro e alguns papéis que coordenam para onde ir e o que devo fazer. O dia que resolver passar um vendaval e levar os tais bilhetes, muita coisa vai mudar. Para começar vou dar mais importância às agendas que eu ganho e raramente uso.

Admiro muito quem tem e sabe usar. Eu posso até anotar os tópicos mais urgentes do meu dia, mas quem irá me lembrar de ler o que está na agenda para eu recordar que tem algo muito importante para fazer??

Bacana é mudar de assunto sem dar explicação...

Eu acho um barato ter nascido entre 19 de fevereiro e 20 de março (leia-se: sob o signo de peixes). Sempre brinco dizendo que nós vivemos no mundo da lua, mas com conexão banda-mega-larga de internet, para saber exatamente o que acontece ao nosso redor.


Não vivemos alheios ao mundo, apenas aparentamos calma - e estamos necessariamente assim - enquanto 'a casa está caindo'.

Eu diria que essa chamada 'conexão de internet" seria a nossa aguçada intuição. Aquela que nos faz perceber o que está por trás das coisas.

Mas nem pense que pisciano é meio molóide e que pode-se fazer com ele o que bem entender.
Na na ni na!
Não azucrine com atitudes injustas, mesquinhas ou tampouco seja inconveniente com um pisciano, pois paciência tem limite.

Se tudo estiver O.K. nas CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão) não há problema algum. O mundo pode desabar, que a calma permanece.

Na verdade essa calma é aquela história de viver no mundo da lua... blá blá blá...

Bom, mas eu não vim aqui para beber, vim para conversar.

Orgulho
- JG de Araújo Jorge -

Quando todos começarmos do chão como as sementes
como as árvores fortes, como as árvores úteis,
e não houver parasitas dos ramos alheios;

quando a terra pertencer aos homens, como aos rios
que a fecundam sem ver cercados nem fronteiras;
e tudo o que existir e o que for encontrado,
a água pura, o petróleo, o ouro, o fruto agreste,
não tiver donos também, como as auroras e os crepúsculos,
como as estrelas e a noite, como as nuvens e o sol;
quando houver sempre um teto sobre todas as cabeças
resguardando-as das chuvas, protegendo-as dos ventos,
como há sempre sobre nós o côncavo dos céus:

quando todos tiverem jardins, flores e pássaros,
ou crianças barulhentas, sadias e tagarelas,
e tiverem a horas certas, na mesa branca, o pão,
e a horas incertas, no leito, o remédio necessário;

quando o trabalho for leve alegre como a música
nas horas de prazer e despreocupação,
e em verdade, for a alegria e a música da vida;

quando a boca que se abre pela primeira vez
tiver um seio farto e o cuidado da ciência;
e a infância, liberdade, brinquedos e recreios,
e a juventude, livros, planos e companheiras,
e os homens todos, os mesmos meios de conquista,
e já não existir medo do mundo nem da vida
porque a vida e o mundo estarão ao nosso alcance;

quando a velhice não tiver mais receio do tempo
porque o tempo a levará em segurança ao fim;
quando já não houver trabalhos dignos e indignos
porque todas as parcelas estarão na mesma soma,
e o sábio e o operário, o artista e o camponês,
seguirem, paralelamente, os seus caminhos,
sem nunca se encontrar, mas sem humilhações;

quando as gramáticas e as raças não separarem os homens
porque todos se entenderão sem raças nem gramáticas,
e verão que mais além das cores e dos idiomas está o Homem,
- e só por isso, somos iguais e irmãos;


quando nossos filhos crescerem sem a angústia do futuro
e nós vivermos em paz sem as incertezas do presente,
e já não restar vestígios do ódio perdido no passado;

quando todos os templos erguerem sobre a terra
suas torres minaretes, cruzes ou abóbadas,
e sobre eles mais alto o céu se desdobrar
para que todos os olhos se encontrem e se compreendam;
quando todos começarmos do chão como as sementes
embora os galhos se elevem às mais várias altura
se façam sobre o solo as sombras mais diversas;
e todos forem donos de seus próprios pés
e todos forem donos de suas próprias mãos,
e do seu pensamento, e do seu coração;

quando enfim, nos tornarmos Senhores de nós mesmos,
e não houver falsas leis servindo aos poderosos
e a justiça socorrer, na rua, aos homens todos;

quando chegar o momento em que a força será inútil
porque todos seremos fortes e nada nos vencerá,
e não houver grades nos olhos, e não houver ferros nos pulsos,
nem morais absurdas que nos deformem e domem:

- então, sim, bendirei o instante em que nasci
e sentirei o orgulho imenso de ser homem!

(Antologia da Nova Poesia Brasileira J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. - 1948)

Simples assim.

27 de agosto de 2006

Para você que não conheço

Por JG de Araújo Jorge:

Sabe, acaso, o que é um verso? - É um pouco de uma vida,
- é o pedaço de um ser que em vão diz o que sente...
E o poeta? - É um sonhador, de coração ardente,
cuja alma para o mundo é sempre incompreendida...

Pois bem, vou dar-lhe um verso, e dou-o simplesmente
nesta folha que escrevo e que jamais foi lida...
Quando, a sós, ficar triste, e estiver esquecida,
releia-o, que eu distante hei de ficar contente...

Eu sinto - e não sei bem lhe responder por que,
- que se um dia você me visse
- gostaria de mim, como eu já gosto um pouco de você...

Mas pode ser mentira... É bem melhor portanto
que você me conheça apenas na poesia
se não quer ter comigo um grande desencanto...!

Simples assim.

24 de agosto de 2006

Gostaria

Antes de sair de casa, minha mãe comentou sobre um poema chamado "O tempo".
O autor chama-se JG de Araújo Jorge. Confesso que eu não conhecia o tal poema, tampouco o referido autor.

Mas graças ao Tio Google, achei uma página sobre JG Araújo Jorge.
Aliás, bem interessante.

Procura daqui, procura dali, não achei nada sobre "O tempo", mas encontrei vários poemas maravilhosos.

Um, em especial, me tocou de tal forma, que não precisei pensar muito para transcrevê-lo.

Go ahead....

Queria compartilhar contigo os momentos mais simples e sem importância.
Por exemplo:
Sair contigo para passear, sentir-te apoiada em meu braço,
Ver-te feliz ao meu lado
Alheia a todo mundo que passasse.

Gostaria de sair contigo para ouvir música, ir ao cinema, tomar sorvete, sentar num restaurante diante do mar,
Olhar as coisas, olhar a vida, olhar o mundo despreocupadamente,
E conversar sobre "nós" - esse "nós" clandestino
Que se divide em "tu e eu"
Quando chega gente.

Encontrar alguém que perguntasse: "Então, como vão vocês?"
E me chamasse pelo nome, e te chamasse pelo nome
E juntasse assim nossos nomes, naturalmente,
Na mesma preocupação.

Gostaria de poder de repente te dizer:
Vamos voltar para casa...
(Como se felicidade pudesse ser uma coisa
A que tivéssemos direito como toda gente)
Queria partilhar contigo os momentos menores
Da minha vida,
Porque os grandes já são teus.

(Poema de JG de Araújo Jorge, do livro - A Sós - 1958)

Simples assim.

23 de agosto de 2006

Uma boa média

Hoje, literalmente, me perdi no tempo e no espaço.
Acordei pensando que era segunda.

Mas como isso era uma enorme dúvida e um grande equívoco, fiquei tentando provar para mim mesma que eu havia assistido Fantástico no dia anterior. Eu queria fatos que comprovassem que hoje era segunda-feira, um dia qualquer que vem depois do domingo.

E o absurdo não pára por aí. Logo depois de me conformar que hoje não era segunda, comecei a desconfiar que era sábado. Não só comecei a acreditar nessa hipótese, como achei que já estava atrasada para os compromissos que tinha marcado para este dia.

Eu não tenho certeza, mas o excesso de trabalho e a falta de um final de semana digno de folga andam perturbando as minhas idéias. Principalmente o setor que coordena os dias da semana.

Imagino que seja por causa do trabalho porque as pessoas que trabalham comigo também andam confundindo os dias.

Se o fato de trabalhar até em dia santo não for a explicação, então isso pega.

Sobre o título...
Talvez escrever uma vez por semana seja uma boa média, visto que tem gente por aí que atualiza o blog uma vez por mês. A proeza fica por conta das atualizações diárias e eu ainda volto a este ritmo.

Falando em ritmo...
Hora de voltar ao batente.

O último apaga a luz.
Só para constar: "Melhor ser feliz a ter sempre razão".
Simples assim.

Au revoir...

16 de agosto de 2006

Descanso

Singular masculino; repouso; folga; ócio; sossego; tranquilidade; isenção de cuidados ou ocupações; alívio; comodidade; lentidão; pachorra; desleixo; incúria; peça das armas de fogo onde descansa o cão; o eterno -: a morte.

Locução adjetiva;
Sem -: continuamente, sem interrupção.

Isso daria uma bela tese, mas não tenho tempo para isso. Folga e ócio não fazem parte do meu vocabulário nos últimos dias. Principalmente no final de semana, quando trabalhei até de madrugada, tendo que chegar cedo no dia seguinte.

Resumo da ópera: domingo eu não sabia nem meu nome do meio e perdi meu crachá de identificação. Praticamente a minha chave para entrar no portão magnético que tem lá embaixo.

Alguém viu o meu crachá por aí?

Aliás, depois que instalaram esse código meio M.I.B para entrar e câmeras na porta de entrada, nossas saídas para o almoço ficaram muito mais comportadas.
Por que será?

Essa não é a atualização que eu pensei em fazer, mas é uma forma de não deixar os fantasmas sem notícias. Mesmo sabendo que eles se divertem sozinhos é sempre bom dar um 'alô'.

Esse negócio de dar notícia para fantasma ficou meio "alô, além"...

Time to go...

Aos que ficam, uma ótima quarta.
Lembrando sempre que: "Melhor ser feliz a ter sempre razão!"
Simples assim.

Au revoir...

14 de agosto de 2006

Poema

"Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

"Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis, E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

"Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

"Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

"Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

"Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

"Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

"Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

"Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

"Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

"Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

"Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar".

Victor Hugo

8 de agosto de 2006

Navegar é preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

7 de agosto de 2006

Procuram-se heróis de verdade

Procuram-se pessoas que saibam que...

....ser é mais do que parecer.
....amar não é só um sentimento, e sim um jeito de tratar a pessoa amada.
....quando um dos dois perde, todos perdem juntos.
....é melhor uma derrota honesta do que uma vitória sem escrúpulos.
....pedir desculpas engrandece a alma.

E que sejam capazes de...

....chorar de saudade.
....vibrar com uma noite estrelada.
....aprender com o sorriso de uma criança.
....falar de Deus com alegria no coração.

Procuram-se pessoa simples, com olhar sincero e coração grande.

Heróis de verdade.
O tipo de gente que não precisa de aplauso para ter uma noite de sono em paz!

- Roberto Shinyashiki -

6 de agosto de 2006

As mãos

Naquela manhã o jovem professor chegou à escola um tanto cabisbaixo. Problemas se somavam e pesavam sobre sua sensibilidade de jovem idealista.

Estava difícil suportar. Foi então que, durante uma reunião de trabalho ele não conseguiu controlar as lágrimas.

Uma amiga, que o observava em silêncio, estendeu as mãos e segurou as dele, num gesto de ternura.

Foi uma atitude simples, mas significou muito para aquele jovem, poisele sabia que a amiga tinha uma vida super atarefada; muitas atividades e preocupações, filhos, marido, empresa, mas, mesmo assim, tinha tempo para dedicar ao amigo, para estender-lhe as mãos.

Aquele gesto simples levou o jovem a escrever sobre a importância das mãos. O texto diz mais ou menos assim:

As mãos podem muitas coisas: oferecer apoio no momento certo, estender-se para consolar, segurar firme para amparar.

Mas o que mais podem as mãos?

As mãos saúdam, as mãos sinalizam. As mãos envolvem, dão carinho.
As mãos estabelecem limites. Escrevem. Abençoam.
As mãos desenham no ar o "adeus", o "até logo".
As mãos agasalham. Curam feridas.

Para o mudo a mão é o verbo. Para o idoso é a segurança.
Para o irascível a mão erguida é ameaça. Para o pedinte a mão estendida é súplica.
Para quem ama, a mão silenciosa, que acolhe a do ser amado, é felicidade.
Para quem chora, a mão alheia é conforto.

Há mãos que agarram, perturbadas. Há mãos que tocam, suaves. Há mãos que ferem. Há mãos que acariciam. Há mãos que amaldiçoam.
Há mãos que abençoam. Há mãos que destroem. Há mãos que edificam, trabalham, realizam.
Há pessoas que transmitem energias, através da imposição de mãos, entregando-se a essa tarefa tão bela de amor.

Nossas mãos podem exteriorizar o amor, construindo templos, hospitais e escolas; fabricando vacinas e equipamentos médicos; alimentando famintos, medicando enfermos...

Podem concretizar a paz social assinando tratados de armistício, escrevendo livros, guiando carros, pilotando aviões, varrendo ruas, tocando instrumentos musicais, pintando telas, esculpindo, construindo móveis, prestando serviços...

Podem manifestar fraternidade, ao lembrarmos da essencialidade do humano, da sensibilidade, da empatia, estendendo-as a um irmão que, num dia difícil, põe-se a chorar.

****** ****** ******

Suas mãos são abençoadas ferramentas para construção de um mundo melhor.
Use-as sempre para edificar, elevar, dignificar, apoiar, acenar com a esperança de melhores dias.

Simples assim.

4 de agosto de 2006

O medo causado pela inteligência

Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas.

O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal:


“Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta".

Ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pôde dar ao pupilo que se iniciava em uma carreira difícil.

Isso, na Inglaterra. Imaginem aqui, no Brasil.

Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa:

"Há tantos burros mandando em homens de inteligência,que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma Ciência".

A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência.

Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas, é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar.

Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos.

Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer na vida.

É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social.

Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota, automaticamente, a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência,por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras, à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar.

Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas. Enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender.

É um paradoxo angustiante!

Infelizmente, temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida.

Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues: "Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra".

O problema é que os inteligentes gostam de brilhar!
Que Deus os proteja, então, dos medíocres!

3 de agosto de 2006

Saber viver

Um pensador russo chamado Guerdief, no século passado já falava em auto-conhecimento e na importância de se saber viver. Dizia ele: "uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós em cada momento."

Assim sendo, ele traçou várias regras de vida que foram colocadas em destaque no Instituto Francês dos Estudos da Ansiedade, em Paris.

Dizem os "experts" em comportamento que, quem assimilar pelo menos 10 dessas regras, aprendeu a viver com qualidade. Vamos a elas:

- Faça pausas de dez minutos a cada duas horas de trabalho. Repita essas pausas diariamente e pense em você.

- Aprenda a dizer "não" sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos desgasta!

- Planeje seu dia, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.

- Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez.

- Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa... Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação, a não ser você mesmo.

- Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos. Não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimônias.

- Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.

- Diferencie problemas reais dos imaginários e apague! Eles são pura perda de tempo e ocupam um espaço precioso para coisas mais importantes.

- Tente descobrir o prazer do cotidiano como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.

- Família não é você! Ela está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.

- Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trave da busca.

- É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilômetros. Não adianta estar mais longe.

- Saiba a hora certa de sair de cena, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de ser discreto.

- Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram bem, com reserva analítica.

- Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo... para quem quer ficar esgotado...

- A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe firmeza!

- Uma hora de intenso prazer substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de se divertir.

- Não abandone suas 3 grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.

- E entenda de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: Você é o que se fizer ser!

Simples assim.

2 de agosto de 2006

Confiança

A confiança é uma importante medida de maturidade. Expor-se à confiança, apesar de todas as decepções do passado,é uma tarefa difícil e, ao mesmo tempo, fundamental.

Numa história do escritor B. Singer, o personagem principal acreditava em tudo que lhe diziam. Ele era 'abusado' constantemente por sua mulher, seu vilarejo, enfim, seu mundo. Mas ele sempre confiava na explicação que lhe ofereciam.

O personagem inicialmente apresentado como um tolo se revela um herói.

Tolo é quem não confia, pois se condena a uma vida de suspeita e insegurança. Confie e, sem muito chorar, pague o preço de algumas desilusões.


"Você pode ser enganado se confiar demais, mas viverá em tormento se não confiar o suficiente".
- Frank Cran -

Simples assim.

Au revoir...

1 de agosto de 2006

Dar ou não dar

AINDA BEM QUE EU DEI
Ainda bem que eu dei
Sem fazer tipo, sem fazer jogo
Assim é muito mais gostoso
Tava tudo mesmo pegando fogo
Dei querendo dar, dei sem enganar
Dei sem me preocupar se amanhã 'cê vai ligar
Pode sumir, pode espalhar, pode desaparecer
Foi mesmo uma delícia dar pra você
Se quiser de novo, fica a vontade
Não tenho medo de saudade
Dei na maior fé, na paz
Foi SIM, e não TALVEZ
E se você ainda quiser mais
Pega a senha, entra na fila e espera sua vez
Ainda bem que eu dei
Tudo lindo, tudo zen
Só uma perguntinha:
Foi bom pra você também?

AINDA BEM QUE EU NÃO DEI
Ainda bem que eu não dei
Ainda bem que não rolou
Ainda não foi dessa vez
Que teu jogo funcionou
Imagina se ontem eu tivesse dado
Acreditado no seu tipo de apaixonado
E hoje você mal falou comigo
Mandou um oi meio de amigo
Como se nada tivesse rolado
Imagina se eu tivesse liberado...
Não adiantou seu jeito meloso
Implorando prá eu ir te ver
Teatro de primeira, se achando o gostoso
Crente que eu ia dar prá você
E você ia sumir de qualquer jeito, sem motivo
E eu ia achar que o problema era comigo
Que bom que você sumiu antes de se revelar
É ótimo não ficar esperando o telefone tocar
Agora, 'cê que fique na vontade
Nem adianta insistir
E quando seus amigos perguntarem
Encara e diz: Não, não comi!
Ainda bem que eu não dei
Ainda bem que não rolou
Se situa, meu bem,
Joga limpo que eu dou.

QUE MERDA, EU DEI
Que lixo, que desperdício
Que triste, que meretrício
Que sóio, que papelão
Que merda, que situação...
O que parecia ser tão bom
Foi sem cor, sem gosto, sem som
Quero esquecer que aconteceu
Não, acho que não era eu
Não sei como eu fui cair na sua
Esse seu papo de ir ver a lua
Devia estar a fim de ser enganada
Bêbada, carente, triste, surtada
E você se aproveitou desse momento
Fingiu-se de amigo, solidário no sentimento
Mas no fundo sabia bem o que queria
Como é que eu fui cair nessa baixaria?
Chega, vê se me esquece, desaparece
Finge que não me conhece
Foi ruim, ridículo, sem sal
Vazio, patético, foi mal
Que merda que eu dei
Já esqueci, apaguei
Tchau, querido, tenho mais o que fazer
Melhor comer sorvete na frente da TV.

- Luis Fernando Veríssimo -

Essas coisas do tempo e da distância

Só quero dizer 'Oi, você está fazendo falta'.

Sim, eu sinto falta da sua opinião exata e sem sombra de dúvidas ou entrelinhas. Sinto falta do seu humor inteligente, contido e até previsível algumas vezes, mas ao mesmo tempo sensível e singular.

Entendo perfeitamente bem esse seu momento passageiro. Eu respeito não só o seu silêncio, mas também a sua distância.

Essa distância...
Ela não me chateia, só me faz sentir saudade. Mas até que eu lido de forma tranquila com a saudade.

Espero sinceramente que esteja tudo bem. E se de alguma forma você estiver precisando romper esse silêncio, mas ainda assim decidir ficar do jeito que está, eu vou entender. Mais uma vez.

Permita-me apenas uma gentileza. Aceite uma flor de presente. Ela sempre foi capaz de fazer qualquer pessoa sorrir. Minha amizade por você se traduz desse jeito, sem composição.

Simples assim.