29 de junho de 2006

Eu fugi do circo

Acho que não tem explicação o fato de eu não ter seguido carreira circense.

Desde criança eu sempre soube fazer malabarismo com 3 laranjas, um feito que poucas pessoas sabem demonstrar. E não, eu nunca estraguei as laranjas de casa. Jogava bonitinho para o alto e equilibrava numa boa. Temos então minha primeira habilidade.

Devo ter outras facetas circenses guardadas na manga, mas a performance-mor com certeza é a palhaçada. Mas o público é seleto. Talvez por isso eu não tenha seguido sem rumo, espalhando alegria por aí.

Aproveitando minha fase tipicamente pisciana, deixe-me lembrar o motivo de escrever sobre isso.

Ah, sim... O jogo entre Brasil e Ghana.
Não que o jogo tenha sido uma piada, mas as pérolas ditas durante o jogo, sim.

Só para constar, éramos apenas 10 pessoas. Mas 10 pessoas com mentes brilhantes. Imaginação mais fértil que a nossa é quase impossível arrumar por aí. Tudo isso na presença do ilustre dono da produtora.

Vamos aos fatos...
Eu juro que vi Nelson Mandela em campo, de camisa branca e batendo um bolão pelo time africano. Aliás, além de um bolão, eles devem bater um tambor também. E quase que no primeiro tempo eles iniciaram a batucada.

Quando o jogador de Ghana caiu na área da Seleção Brasileira e levantou com o rosto metade branco, metade preto, imaginei que o ritual de guerra ou algo que o valha fosse começar naquele instante. Até pensei: "agora lascou tudo, vão apelar para o sobrenatural..."

Aí eu lembrei que 'macumba por macumba', aquele era um jogo entre criador (Ghana) e criatura (nós, brasileiros). Afinal, o candomblé veio da África. E puxando pela memória, não a minha porque eu nem sonhava em nascer no ano de 1950, rola uma história que depois que o Uruguai bateu o Brasil, em pleno Maracanã - aquele fatídico 2 x 1 - o avião com a equipe uruguaia teve alguma pane. Não sei se na volta para casa. Correções em tempo..
(Na boa, urucubaca gigante essa.)

Voltando ao jogo de terça...
Nada de mais aconteceu naquele lance, apenas o jogador cheio de gana (trocadalho do carilho) que caiu de boca no cal que delimita a pequena área.

Obviamente fizeram várias piadas politicamente incorretas, que por serem dessa natureza me vejo impedida de escrever. Mas tudo liberado na mesa do bar, hein.

No início do 2º tempo, o blá blá blá rolava mais solto que em salão de beleza sábado à tarde. E eis que o dono da produtora fez uma reclamação hilária:

- Nunca mais eu assisto jogo com vocês. Vocês falam para caramba (imaginem o palavrão). E essas aqui (apontou para as mulheres), não calam a boca...

Entre risadas contidas, ficamos TODOS quietos.
20 mil horas sem ninguém dizer um 'ai'. Pensei até que estávamos brincando de 'Vaca amarela'. E depois de longuíssimos dez minutos, o dono da produtora levantou da cadeira e abrindo os braços disse em alto e bom som:

- P.Q.P., vai ficar esse silêncio horroroso? Falem alguma coisa, pô...

Depois de 5 minutos de gargalhada, voltamos ao blá blá blá típico de botequim.

E acha que esse circo terminou no apito final????
Nem. Ainda tinha mais asneira guardada para o jogo entre França x Espanha.
Mas aí foi restrita à dupla: editor e eu.

Lá pelos tantos minutos finais do segundo tempo, quando os 'Le Bleu' já estavam garantidos nas quartas contra o Brasil, seguiu-se um diálogo de quádruplo sentido:

- É, vamos ver a França nas quartas. - disse eu, inocentemente.
- Hummm.... já viu a Torre Eiffel? - Perguntaram cheio de 'pecado' nas entrelinhas.
- Hammm?! - Quando você quer averiguar se é sacanagem ou não, você se finge de surda..
- Você quer ver a Torre Eiffel? - Insistência dupla.
- Contanto que você não queira ver o Arc de Triomphe... - Saída pela direita e com educação ainda.
- Pô, crente que ia rolar um Champs-Elysées.. - Drama!
- Vai, esperando. E pare de comer o meu amendoim. Isso tá te fazendo mal... - Toco final!

Saída final: café.
O café sempre salva. Aliás, eu quero um.

Frio, muito frio.
Você sabe que a temperatura está baixíssima quando os pinguins debaixo da sua mesa estão acendendo uma fogueira para se aquecer.

Então eu fico por aqui.
Melhor ser feliz a ter sempre razão.
Simples assim.

Au revoir...

26 de junho de 2006

O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?

Eu sei que esse título é praticamente um LEAD, mas é bem por aí que ando atualmente. Não, eu não ando com amnésia, muito menos querendo saber de tudo e de todos. Eu apenas passo por uma fase tipicamente pisciana.

Se estão precisando da minha memória para detalhes, não sei se vale a pena me procurar. Aliás, acho que a memória continua funcionando, mas eu não tenho me prendido aos detalhes. Matei a charada!

Não foi difícil perceber essa confusão, após alguns dias pensando que havia conversado com uma pessoa enquanto se tratava de outra. Já me chamaram até de Oda Mae por causa dessa situação e claro, fui motivo de risada. Até aí tudo bem, é sempre bom contribuir para o bem-estar das pessoas e, definitivamente, rir ajuda que é uma beleza.

Por conta dessa troca de nomes, eu fiz subir no telhado quem não era para subir e fiquei pasma quando percebi que passei a viagem de volta ao RJ conversando com uma pessoa que já havia morrido. Seria trágico se não fosse cômico.

Alguém entendeu?
Não?
Até ontem, nem eu.

Tudo começou com um pequeno detalhe: eu jurava que uma senhora, que vamos chamar de Sra. A, tinha viajado junto comigo para Ibiúna (SP).

Para falar a verdade, só fui encontrá-la na viagem de volta ao Rio. E depois da metade do caminho, quando finalmente acordei, fiquei conversando com ela. Mas meu anjo da guarda é tão forte, que eu apenas me dirigia a ela na segunda pessoa. Algo me dizia que eu fazia alguma confusão.

Já no RJ, na hora de tomar meu rumo, rolou uma conversa meio surreal:

- Você vai levar a Sra. B em casa? - Perguntaram enquanto eu descia minha mala.
- Não, eu vou levar a Sra. A - Respondi placidamente.

Eis que me corrigiram... (ou tentaram)
- Mas você estava conversando com a Sra. B

E eu que sempre acho que para tudo tem jeito...
- Ahh.. então o nome dela é composto: Sra. AB

Me olharam com cara de ponto de interrogação. Por que será?!

Quando meu irmão se aproximou, para pegar a minha bagagem, perguntou:

- Ué, cade a Sra. A??
- Ali ó... (apontei com a cabeça, como se tivesse aprendido finalmente quem era ela)

Meu irmão apenas abriu um sorriso, percebendo a confusão que eu fazia.
Quando contei a história em casa, minha mãe chorava de rir.
Não sei até hoje o que me fez desviar o caminho do circo... Mas enfim...

Alguém ainda acha que a história termina aqui???
Na na ni na!

No sábado, enquanto eu lia o jornal, minha mãe veio dar uma notícia difícil:

- Ontem foi a missa de sétimo dia... e era alguma coisa relacionada a Sra. A

Eu pensei: "Meu Deus!!! Eu conversei com alguém do outro mundo na viagem de volta... Praticamente a reedição do filme Ghost e eu no papel de Oda Mae".

Claro, esse absurdo todo na MINHA CABEÇA. E somente na minha cabeça.

No domingo, estive com o marido da Sra. A e ele me pareceu tão tranquilo que eu não entendia como ela poderia ter morrido e ele estar ali, sereno na minha frente.

Como tem coisas absurdas que só perguntamos aos nossos pais, chamei minha mãe no canto e perguntei na lata:

- Afinal de contas, QUEM MORREU???
- A mãe da Sra. A
(Ou seja, a sogra daquele senhor que estava tranquilo na minha frente)

Depois de explicar o que passou pela minha cabeça, minha mãe caiu na gargalhada. Ela anda fazendo terapia do riso e evitando rugas às minhas custas.
Sem problemas. Use-me e abuse-me.

Bom, conto com o anjo da guarda nessas horas, porque minha cabeça está em qualquer lugar. Minha cabeça é onipresente. Isso é ótimo!

Por isso que eu sempre digo:
Melhor ser feliz a ter sempre razão!
Simples assim.

Au revoir...

12 de junho de 2006

Nada melhor que Vinícius..



Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é, meu Deus
Que frio que me dá
O encontro desse olhar

Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor, juro por Deus
Me sinto incendiar

Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus
Já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus
Sem mais lararará

Pela luz dos olhos teus
Eu acho, meu amor
E só se pode achar
Que a luz dos olhos meus
Precisa se casar


*Devidamente arquivo em e-mail e enviado para o destino certo!*
Bem lembrado... N.E.O.Q.E.A.V.

10 de junho de 2006

Cacos de vidro

Em momentos de fúria, qualquer que seja a sua reação, esta provocará um estrondo possivelmente maior que o esperado e certamente maior que o necessário.

Isto porque quando estamos em situações de raiva, não temos idéia da proporção que nossas palavras atingem. Elas são estrondosas na maioria das vezes, mas não chega a acontecer como em grandes explosões, onde tudo vai pelos ares. Talvez até seria melhor. Se dinamitou tudo, tem que necessariamente começar do zero. Mas quando apenas 'trinca', aí é preciso colocar em ação a filosofia "muita calma nessa hora". Urgentemente.

Vejamos...

Quando você fecha violentamente uma janela de vidro, não com força suficiente para quebrar, mas para rachar, e você consegue essa proeza, pode ter certeza que daquele momento em diante você precisará abrir e fechar com todo cuidado. Cuidado bastante para que aquele vidro trincado não se estilhace de vez.

Em determinados casos é muito mais fácil quando despedaça logo tudo e é preciso trocar por um novo. A renovação, na maioria das vezes, é um bem necessário.
Sim, ando em um momento em que me recuso a escrever 'mal necessário'.

Voltando...

Por mais difícil que seja assimilar esta idéia, é muito mais fácil virar a página e começar do zero a ter que bater na mesma tecla. E bater de forma delicada. Se usar um pouco mais de energia, aquele vidro pode finalmente estilhaçar.

Quem tem apego ao vidro trincado, prefere baixar o tom, ficar em segundo (ou terceiro) plano e viver cômodamente uma relação de incerteza, insegurança e medo.

Eu já passei por fases assim e admito que além de ruim é um atraso. O medo da renovação é certamente o maior passo para trás que podemos dar na vida. Tudo que é novo desperta na gente a dúvida, o famigerado medo, a cautela (considero um bem necessário) e um bando mais de interrogações que muitas vezes só nós sabemos e podemos responder.

Ah sim, não menos importante, sempre dá aquele friozinho na barriga, típico da mudança quando bate à nossa porta. Seja mudança de emprego, cidade, casa, amor... Sei lá, acho que a cada dia mudamos alguma coisa. Basta saber se estamos preparados para dar o passo para frente.

E voltando ao assunto do vidro, muitas vezes eu gostaria de ser o estilingue na minha própria vida. Colocando para os quatro cantos milhares de cacos despedaçados pela mudança. E eu quero uma mudança gigantesca para o segundo semestre. E eu faço questão de segurar firme na forquilha de madeira e esticar o quanto eu puder a tira elástica. Se eu for muito longe, prometo enviar um postal. O lugar será bonito, acreditem!

Gosto dessa consonância: "Melhor ser feliz a ter sempre razão!"
Simples assim.

Au revoir...

6 de junho de 2006

Amor com sabedoria

Você é o dono da sua vida. Não há nessa afirmação uma vírgula que possa ser contestada.
Até porque não há vírgula nessa frase.

Viver pode ser simples se soubermos assumir a responsabilidade pelos nossos atos. Parece meio óbvio, mas para algumas pessoas a prática toma longa distância da teoria. Talvez para essas pessoas seja mais fácil colocar a culpa, a responsabilidade, o peso das próprias atitudes no outro. O outro que muitas vezes por amor, lealdade, dedicação e até mesmo baixa auto-estima, deixa-se envolver pela situação.

E o que faz uma pessoa permitir tal abuso?
O medo. Medo da perda, medo da indiferença, medo da falta de algum tipo de reconhecimento ou mesmo atenção.

Não é fácil enxergar o que está sendo feito. Não é fácil enxergar que somos manipulados em nome de um amor egoísta, que só pensa nas próprias razões, desejos e instintos. Quem é movido por tais sentimentos egoísticos geralmente dita uma filosofia muito própria, onde os erros cometidos são projetados no outro como uma sombra. Como se o outro, que sofre todas as decepções, pudesse ser o grande culpado em um momento como esse.

Parece um raciocínio complicado, mas não é. Quem trai, geralmente não tem o costume de assumir o erro. Mas consegue, após a descoberta, colocar a famigerada culpa em dois terrenos diferentes, mas igualmente cômodos: um deles é a carência causada pela ausência do outro - e mesmo que o outro se faça presente, é só citar a palavra carência que ele nunca vai saber se o amor doado é realmente suficiente.

O outro terreno é o da desconfiança. Assume-se o erro, mas logo coloca-se em jogo a paranóia de sofrer com uma situação parecida. Em bom português: o 'traidor' coloca o 'traído' na berlinda, alegando que agora ele poderia se achar no direito de cometer o mesmo deslize. Aí cria-se uma polêmica sem fim. E, mais uma vez, quem tem baixa auto-estima fica envolvido e com medo de perder seu amor. Dessa forma então, quem se decepciona está sujeito, cada vez mais, a esse tipo de constrangimento.

Sim, para mim é um constrangimento sem tamanho. Não é fácil viver um caso assim e conseguir ter a exata noção de onde termina o relacionamento e onde começa o amor-próprio. Diminuir-se num relacionamento, seja da natureza que for, é o grande erro do ser humano.

E só é possível corrigir esse tipo de pensamento, postura e condução, quando nos amamos de verdade. Quando nos aceitamos do jeito que somos e quando nos colocamos em primeiro lugar.

Eu concordo quando dizem que não é possível viver feliz sozinho. Mas é extremamente necessário saber viver bem sozinho para saber fazer o outro feliz. Eu continuo batendo na tecla: saber amar é a chave para o sucesso em tudo na vida. É o que chamo de amor com sabedoria.

A razão, definitivamente, estraga o amor. Isso andou em rodinhas de bate-papo por aí.
Terminar dessa forma é perfeito: "Melhor ser feliz a ter sempre razão!"
Simples assim.

Au revoir...